Agência Minas Gerais | Educar para transformar: ressocialização por meio da educação é destaque em Ponte Nova

Em Ponte Nova, na região da Zona Mata mineira, os custodiados do complexo penitenciário local vêm colhendo os bons resultados de sua participação em iniciativas de reintegração social promovidas pela unidade prisional. Uma das ações que tem se destacado é a parceria com a Escola Estadual Professor Raymundo Martiniano Ferreira, reconhecida com o Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Penal, o Selo Resgata, e que tem seu segundo endereço dentro da penitenciária. 

Entre 2024 e 2025, as atividades de ensino promovidas pela instituição levaram 18 detentos à segunda fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), sendo dez custodiados classificados nos níveis 1 e 2 da avaliação – relativos aos anos finais do Ensino Fundamental – e oito no nível 3, referente ao Ensino Médio. 

Além do curso de Educação Básica, que tem um total de 150 alunos matriculados, o Complexo Penitenciário de Ponte Nova também possui outros projetos de ressocialização ligados ao ensino. Atualmente, 17 detentos fazem cursos de graduação a distância pela Faculdade Unopar e 146 custodiados participam do Projeto Leitura, que consiste na entrega mensal de livros aos detentos que devem ler uma obra literária e entregar uma resenha. O relatório, então, é encaminhado à Justiça, que o utiliza como base para remissão da pena. 

O diretor-geral da unidade prisional, Euler Charles Santos, destaca que a educação é uma frente de atuação fundamental para o processo de reinserção dos detentos na sociedade. “Quando nos empenhamos em garantir o acesso à educação, estamos atuando diretamente para a transformação de realidades sociais”, diz. 

O detento Jackson Mariano Randon, destaque na Obmep de 2024, chegando à terceira etapa, conta sobre como o acesso à educação intramuros transformou sua realidade. 

“Nos estudos, uma porta se abriu para mim e eu aproveitei. Aqui, me formei no Ensino Médio e agora estou na faculdade. Já fui barbeiro e tatuador, não tinha noção do que era Recursos Humanos, e agora sei que é um trabalho que vai muito além de admissão e demissão de pessoas. É todo o cuidado com os funcionários. Está sendo muito enriquecedor. Sinto que essa experiência vai contribuir na minha volta à sociedade e que, com essa formação, vou conseguir um bom emprego”, disse. 

“Em Ponte Nova, vemos na prática que a segurança pública também se constrói com oportunidades. Quando investimos na educação e no trabalho dentro das unidades prisionais, estamos oferecendo aos custodiados dignidade, perspectiva de futuro e, acima de tudo, a chance real de reconstruir suas vidas e de melhorar a nossa sociedade”, analisa o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco.  

Ressocialização e Trabalho  

O acesso à educação não é a única frente de ressocialização adotada em Ponte Nova. A unidade prisional também possibilita aos detentos a oportunidade de aprender e exercer um ofício ainda no período de custódia. 

Por meio de uma cooperação realizada com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), custodiados da unidade realizaram a construção do novo parlatório no prédio que abriga a sede da instituição. A unidade prisional mantém ainda parcerias com a prefeitura, polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros, instituições que também empregam a mão de obra prisional. 

Desde 2010, a Plastnova mantém um espaço dentro do Complexo Penitenciário para que os custodiados possam atuar na montagem de capas de chuva e a Lelis Pré-Moldados também implantou uma fábrica de blocos de concreto nas dependências da penitenciária. 

Juntas, as empresas empregam 15 detentos, porém, a expectativa é de que este número suba para 18, com o ingresso de outros três detentos nos trabalhos da fábrica de blocos.